domingo, 30 de agosto de 2009

MEMORIAL

Eu, Mateus Anísio de Lima,nascido aos doze dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e sessenta e oito(12/08/68)na localidade de Patos,município de Santo Inácio do Piauí. Hoje,a localidade de Patos já é um povoado bem desenvolvido e pertence ao município de Floresta do Piauí. Sofri bastante na minha infância e adolescência, onde nasci e cresci, não tinha escola, meus pais eram agricultores e analfabetos, o meu primeiro contato com a escola foi aos dez anos de idade. Foi quando o Prefeito de Santo Inácio do Piauí em 1978 contratou um professora leiga para ensinar . Dona Mercedes,conhecida por Cecé que usava métodos tradicionais: palmatória e cópias de páginas e páginas por cada palavra escrita errada, dava aula na sua própria casa. A professora tinha como primazia levar o aluno a decorar letras, palavras e textos. Era comum ouvir da professora que fulano tem memória boa, porque todo dia dava a lição.
O ensino naquela época era rotineiro. Toda sexta-feira cantávamos o Hino Nacional; fazíamos ditado e tabuada. Hoje, analisando essas práticas, percebe-se o quanto foram traumatizante. Quantas vidas e sonhos ficaram para trás. Apesar das torturas e dificuldades eu gostava muito da escola. A professora gostava muito de dizer que se não aprendesse o alfabeto,as sílabas,as palavras soltas e os pequenos textos não passaria de ano e conseqüentemente não ganharia a cartilha(livro didático). A minha primeira cartilha chamava-se "Canuto e Eva". Ela era bastante ilustrada, tinha cores fortes e historinhas que faziam parte do imaginário de uma criança. O desejo de ter uma cartilha daquela me motivou a aprender a ler, embora tarde, mas era o momento em que estava sendo oportunizado.
A pesar de não ter acesso a livros quando criança,nas séries iniciais a minha leitura era decorativa, mas lá pela segunda série desenvolvi bem a leitura e gostava de ler cordel. O meu tio que viajava muito para são Paulo, gostava de trazer esse material. Ele também gostava de contar “causos”que mais tarde descobri que a maioria deles são lendas. Além disso, somente os livros didáticos que nem sempre era oferecido. Hoje o aluno tem o seu livro didático, escolhido de forma mais aproximado de sua realidade. As escolas possuem bibliotecas com muitas coleções de paradidáticos e outros livros a fins. As linguagens que vem nos livros estão mais direcionadas e a cada dia os docentes estão refletindo sua prática no que tange a leitura e escrita para aquisição e sistematização do conhecimento no espaço escolar.
No ano de 1979, fiz a primeira série com a professora Francisca de Quincas, que também era leiga, que usava a palmatória, mas sabia valorizar o desempenho de seus alunos. Para mim, foi um ano terrível, perdi minha mãe, o meu pai morava em São Paulo e fiquei morando com minha avó materna. No ano seguinte(1980), o prefeito de Stº Inácio do Piauí, o Senhor Antônio Nogueira construiu um colégio na localidade Patos e lá fiz a segunda série do primário. Já a terceira e quarta série, conclui no povoado Floresta que hoje é a sede do município de Floresta do Piauí. Andava seis quilômetro montado em jumento ou a cavalo. Quando eu estava terminando o primário foi que meu pai comprou uma bicicleta. Como não tinha condição para estudar em uma cidade que oferecia o ginásio, fiquei parado por um bom tempo.
Aos dezesseis anos de idade uma ex-professora, Francisca de Quincas, convidou-me para substituir uma outra professora que havia viajado para São Paulo. Fiquei feliz e aceitei o grande desafio, afinal o meu sonho era ser professor e também ajudar minha avó financeiramente. Então fui um professor leigo por um período de seis anos. Em 1990, já com 22 anos de idade fui morar em São Paulo e lá terminei o Primeiro e Segundo Grau. Foi uma luta, trabalhava durante o dia e estudava à noite em escola pública.
No ano de 2000, retornei ao Piauí, casado e pai de dois filhos, hoje tenho quatro, que me dão muitas alegrias. Em 2001, voltei a morar em Floresta do Piauí, onde fui convidado a trabalhar na educação pelo prefeito municipal Dr. Francisco Átila de Araújo Moura Jesuíno. Fiz o concurso para professor em agosto de 2001. Como docente, estou buscando a cada dia o aprimoramento. Conclui o (PROFORMAÇÃO)em 2003. Sou graduado em Letras/Português pela UESPI. No momento estou fazendo uma pós-graduação em Psicopedagogia Institucional e Clínica pela UVA/MÚLTIPLA e também Especialização em Tecnologias da Educação pela PUC-rio. É um curso a distancia, porém riquíssimo.
Em fim, sou um profissional que acredito no que faço, embora o processo educacional seja lento, mas precisa ser contínuo e o caminho para a realização de algo infindável é eternizar a sua busca. As pedras do meio do caminho fez e fará com que a minha visão com relação à educação seja consistente , inovadora pra melhor entender e servir à sociedade contemporânea.

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